Plano
Museológico

O PLANO MUSEOLÓGICO é um instrumento previsto na Lei Federal nº 11.904/2009 e que apresenta o arcabouço documental estruturante de toda iniciativa que se enquadre como museu. Observe-se que, no ordenamento brasileiro, a legislação tratou de definir os museus como instituições que agregam funções relacionadas à preservação, investigação, conservação, interpretação, comunicação ou educação, uma vez estando aplicadas às coleções que possuam atributos de relevância histórica, artística, científica, técnica ou cultural, dentro de estruturas abertas ao público e que possibilitem o desenvolvimento da sociedade (art. 1º, norma citada). Em verdade, a mesma norma aduz com literalidade, no art. 6º, uma classificação mais restritiva, ao excluir coleções visitáveis e centros de memória, por exemplo, do conceito puro de museu. Nesse contexto brasileiro, deve-se sopesar que, em sua essência, o projeto MUSEU VIRTUAL ESPELEÓLOGO GERALDO GUSSO destaca-se não somente como uma simples coleção, mas, por se investir de elementos relacionados à preservação, ao estudo e à difusão do conhecimento, dentro de um arcabouço maior, que é museal, objetiva promover a educação – de forma democrática, gratuita e universal. Portanto, arreda-se de uma mera assembleia particular de objetos dalgum valor histórico, para ser, verdadeiramente, uma iniciativa de natureza museográfica.

Dentro dessa perspectiva, o projeto agregou o seu primeiro o plano museológico (dez./2020) como um instrumento de gestão integrado. Indiscutivelmente, a ferramenta é oportuna, independentemente das dimensões da realização, pois, para além da tabulação adotada pelos diplomas normativos nacionais, ou as teorias puristas dos acadêmicos da Museologia, a análise do ânimo que motiva qualquer iniciativa revela o sentimento do qual se alimenta o seu potencial de crescimento. E sempre que se molda corretamente o nascimento de uma ideia, exercita-se o planejamento vital ao seu longo desenvolvimento.

I. DEFINIÇÃO E NATUREZA DO PROJETO

O MUSEU VIRTUAL ESPELEÓLOGO GERALDO GUSSO define-se como uma iniciativa digital, aberta ao público, para promoção do conhecimento sobre a Espeleologia e áreas afins, por meio do resgate, da restauração, da pesquisa, da catalogação, da exposição e da guarda de antigos equipamentos de iluminação, proteção e progressão, usados na exploração subterrânea, bem como de documentos pertinentes à temática central, materiais que são estudados e entendidos pela forma qual explicitam sua época, para que, de maneira democrática, contínua e universal, possa haver a difusão da arte, da ciência e da técnica relacionada ao modo qual o homem ocupa espaços no subterrâneo rochoso, notadamente, no universo espeleológico e minerário, tudo objetivando o desenvolvimento histórico-cultural e social.

A NATUREZA do projeto MUSEU VIRTUAL ESPELEÓLOGO GERALDO GUSSO é museográfica e pedagógica, sendo suas ações gratuitas e sem fins lucrativos. Mantém-se por doações e, eventualmente, prêmios, editais, convênios, parcerias, patrocínios ou contratos que subsidiem melhorias ou novas aquisições ao acervo, publicações ou ampliações do material exposto digital ou fisicamente. Não serão aceitos valores ou recursos que contrariem a legislação vigente no Brasil e que não estejam alinhados aos princípios filantrópicos, educacionais e conservacionistas. Igualmente, não serão firmadas parcerias com pessoas jurídicas ou iniciativas juridicamente sem personalidade que não tenham políticas sustentáveis, de proteção ao equilíbrio do meio e não estejam imbuídas em fundamentos conservacionistas. O projeto respeita a igualdade de gênero, a autoafirmação das minorias, os direitos da criança e do adolescente, bem como a necessidade de uma sociedade democrática e igualitária.

O projeto não remunera, por nenhuma forma, seus participantes, sendo todo pautado pelo voluntariado. Serviços técnicos, de terceiros não envolvidos na correalização autoral do projeto, podem ser contratados para trabalhos temporalmente limitados e pré-definidos, desde que vinculados a pessoas físicas ou jurídicas que respeitem os princípios elencados nesse plano museológico.

II. OBJETIVOS: PRINCIPAL E SECUNDÁRIOS

EXPOR uma coleção de bens e documentos, com valor histórico-cultural, através de plataforma virtual, pela integração de descrições e contextos, à compreensão global do desenvolvimento de tecnologias e técnicas associadas à exploração do universo subterrâneo, tudo com fito museal.

São objetivos secundários do projeto:

  • a) MANTER exposição permanente através de website próprio sobre antigos equipamentos de iluminação, proteção individual e progressão subterrânea, usados pela Espeleologia ou Mineração;
  • b) CRIAR acervo físico próprio, garantidor da exposição on-line, com peças de valor histórico-cultural ligadas à Espeleologia ou Mineração;
  • c) MANTER as peças do acervo, pela catalogação, restauração e guarda permanente;
  • d) DOCUMENTAR por imagens e descrição analítica todas as peças do acervo;
  • e) ESTUDAR a correlação das peças aos avanços tecnológicos e ao desenvolvimento de técnicas de exploração;
  • f) PESQUISAR sobre os fabricantes de antigos equipamentos de iluminação, proteção individual e progressão subterrânea, usados pela Espeleologia ou Mineração;
  • g) REUNIR documentos correlatos à temática do projeto, em formato físico ou digital;
  • h) CELEBRAR parcerias com pessoas físicas ou jurídicas para promover ações pedagógicas e aquelas ligadas ao resgate, à restauração, ao estudo e às publicações;
  • i) RESGATAR a memória daqueles que se dedicaram à Espeleologia;
  • j) PROMOVER exposições físicas do acervo;
  • k) APOIAR iniciativas similares ao projeto.

III. FINALIDADE E JUSTIFICATIVA AO PROJETO

A FINALIDADE existencial do projeto MUSEU VIRTUAL ESPELEÓLOGO GERALDO GUSSO está pautada pela necessidade de se difundir o conhecimento sobre a Espeleologia e a exploração subterrânea, por intermédio da promoção dos saberes sobre os equipamentos e as técnicas, o que se fará pela execução de: (1) ações museográficas e pedagógicas permanentes no meio digital, através de web sítios e redes sociais; (2) de publicações impressas ou eletrônicas; e (3) de exposições físicas do acervo, que serão feitas em espaços gratuitos ou locados, que alberguem eventos, reuniões ou circulação, aqui compreendidas as parcerias com instituições de ensino, museus, centros de memória, memoriais, casas de cultura, galerias de arte ou quaisquer ambientes públicos ou privados que permitam a instalação de expositores ou molduras, desde que garantida a segurança das pessoas e a integridade do acervo.

A JUSTIFICATIVA ao projeto nasceu ao longo da etapa pré-executiva, entre os anos de 2015 e 2017, quando foi feita uma longa busca por sítios digitais similares na internet, em língua portuguesa, havendo sido diagnosticada a ausência de material, de modo sistemático e em parâmetros classificatórios técnicos ou científicos, o que motivou a execução da ação. Foram identificados alguns sites pessoais e coleções particulares – destacando-se iniciativas em língua inglesa, francesa, alemã e italiana. Contudo, quase nenhuma informação ofertada em português. Essa análise, incluiu as documentações de utensílios mineiros e espeleológicos, por entender, que até 1960, havia uma ampla adaptação de equipamentos de proteção individual e iluminação da ciência da Mineração para a Espeleologia. Quando a busca foi refinada ao conhecimento acerca dos objetos de uso exclusivamente em ambiente cavernícola, verificou-se a quase inexistência de dados padronizados on-line, inclusive escritos em inglês ou francês. Foi constatada, portanto, uma lacuna de reunião de registros de pesquisas sobre a temática, no que se insere não somente o interesse pelo resgaste aplicado à finalidade da educação associada à divulgação na internet, entendido o valor global de acervos sistematizados para a compreensão ou visão holística evolutiva de todo esse conjunto de informações. Por tudo isso, fundou-se bastante lastreada a motivação ao prosseguimento executivo do projeto museológico, mesmo que, inicialmente, pensado de forma bastante diminuta e desprovido de uma matriz institucional com personalidade jurídica própria.

IV. VISÃO ESTRATÉGICA

MISSÃO: Resgatar e apresentar ao público antigos equipamentos e documentos, que contextualizem a evolução de objetos empregados na exploração subterrânea com o desenvolvimento da Espeleologia.

VISÃO: Ser uma fonte permanente de informações sobre antigos equipamentos de iluminação e proteção individual utilizados em minas e cavernas.

VALORES: Ética na pesquisa, confiabilidade da informação, universalidade do conhecimento, conservacionismo do patrimônio histórico e sustentabilidade ambiental.

PÚBLICO ALVO: interessados na Espeleologia, Geologia, Mineração, História e na evolução de equipamentos de iluminação e proteção individual em minas e cavernas.

V. ESTRUTURA – PLATAFORMA DIGITAL

O MUSEU VIRTUAL ESPELEÓLOGO GERALDO GUSSO está chantado como um projeto de museu on-line, totalmente pensado em plataforma digital, hospedado em sítio com domínio próprio na internet, aberto ao público de forma gratuita e irrestrita, para consulta de todas as informações. A navegabilidade foi planejada para se permitir o maior contato com o acervo e as informações agregadas às peças que o integram. O conteúdo apresentado no site, com relação aos equipamentos, volta-se somente às peças que integram o acervo físico da mostra, não abarcando equipamentos oriundos de outras fontes. A divisão em menus estrutura-se de modo a permitir o contato com as informações de maneira graduada, dentro de uma perspectiva de que o visitante deve entender o projeto, compreender o início da iluminação empregada nas minas (começo do séc. XX), como esses equipamentos migraram para o uso espeleológico e como houve tal desenvolvimento. Toda essa trilha de aprendizagem perpassa, necessariamente, pela evolução dos equipamentos de combustão do acetileno, foco central do acerco na exposição virtual montada na versão inaugural (abril de 2017) e na segunda mostra (dezembro de 2020), essa última com o incremento substancial de várias peças.

O projeto almeja ofertar informações sistematizadas em ambiente digital intuitivo, pois a matriz da iniciativa é completamente eletrônica, desde sua preconcepção (2015-2017). A digitalização de materiais documentais serve como suporte à compreensão dos dados apresentados sobre as peças, não sendo esse o foco principal do trabalho. Em sua maioria, são textos e imagens disponibilizadas em vários outros websites ou adquiridos pelo acervo (cessão onerosa ou gratuita) e materiais que estão amplamente difundidos e são de domínio público. A importância de reuni-los está na facilitação da consulta às fontes primárias buscadas na pesquisa base descritiva, a qual é trazida nas mostras.

VI. EXPOSIÇÕES FÍSICAS

O projeto executa exposições físicas, como uma forma de possibilitar ao público um contato mais humano e aguçado com parte do acervo. Essa experiência não é a causa existencial principal do MUSEU VIRTUAL ESPELEÓLOGO GERALDO GUSSO, mas se insere em seus objetivos como uma possibilidade adicional de realização de sua finalidade. Nessas situações, deve-se ponderar a segurança das pessoas e dos elementos do acervo, de maneira que se possa atuar em parcerias, sem fins lucrativos, que objetivem a difusão universal do conhecimento. As instituições de ensino e as associações voltadas à prática espeleológica estão elencadas como parceiras prioritárias.

VII. ACERVO, CURADORIA E COORDENAÇÃO DO PROJETO

Todo o acervo é de propriedade particular, adquirido por meio de recursos da pessoa física autora intelectual, curadora e mantedora do projeto. A propriedade intelectual e coordenação pertencem à curadoria. Tal coordenação deve decidir sobre a gestão das ações que integram o projeto museográfico, conforme a melhor oportunidade e conveniência para celebração de acordos, exposições físicas e mudanças no layout e conteúdo da exposição virtual. Não há cessão de propriedade ou uso do acervo a terceiros. A coordenação do projeto declara cedido à Espeleonordeste – Sociedade Nordestina de Espeleologia, apenas, o direito de uso da marca do projeto, da pesquisa e das imagens associadas, em suas ações institucionais, no período de 1º de abril de 2017 a 31 de dezembro de 2023, desde que sem fins lucrativos e para difusão gratuita e universal da Espeleologia.

VIII. DOS INSTRUMENTOS DE PARCERIA

Para fins de efetiva implementação do disposto nesse plano museológico, com relação a terceiros, o curador do projeto deverá celebrar convênio de cooperação técnica com a Espeleonordeste – Sociedade Nordestina de Espeleologia, ou quaisquer formas de acordo com pessoas físicas ou jurídicas que tenham adesão aos termos aqui esposados.

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