Simpliciano
Lima

SIMPLICIANO OLIVEIRA LIMA FILHO (22/11/1949-05/06/2005) foi um dos principais responsáveis pela organização do turismo em cavernas na Chapada Diamantina. Descobriu o mundo espeleológico de forma natural, pois nasceu em ambiente cárstico e desde a infância transitou entre algumas das principais cavernas do Brasil, várias delas situadas nas propriedades de sua família. As dolinas, os lagos subterrâneos, as grandes entradas compunham a extensão de seu mundo natural, o local onde cresceu e viveu. Sua ligação com o universo espeleológico era afetiva e entendia o subterrâneo de Iraquara, Palmeiras e Seabra/BA como um grande patrimônio a ser preservado e conhecido. Topógrafo de formação, trabalhou no Instituto de Terras da Bahia - Interba e, mais tarde, foi lotado no escritório regional do Centro de Recursos Ambientais - CRA, órgão que seria transformado no Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - Inema.

Muito cedo, na primeira metade da década de 1980, teve contato com os primeiros fluxos de visitantes a descobrir os atrativos cavernícolas da Chapada Diamantina. Anteviu a necessidade de roteiros aos turistas e o planejamento da atividade. Quando, por herança, recebeu de seu pai a fazenda na qual se situa a entrada principal da Lapa Doce, começou, paulatinamente, a adquirir lotes e glebas nas quais estavam as outras dolinas desse sistema, com a intenção de organizar a visitação à gruta, pois sabia do enorme potencial daquele ambiente como atrativo natural para fixar o turismo e movimentar a economia local. Ao mesmo tempo, havia nele a sensibilidade para entender o valor dos grupos de estudiosos e técnicos como parceiros, sendo esse um canal para trocar experiências. Nesse movimento, assumiu a coordenação da Sociedade Baiana de Espeleologia - SBAE, grupo local criado por entusiastas da Espeleologia da Universidade Federal da Bahia, ficando como o coordenador da associação até o fim de sua vida.

Organizando os roteiros turísticos, acolhendo os técnicos espeleólogos em sua própria casa e partilhando conhecimento com a comunidade local, Lima começou a divulgar o município de Iraquara ao mundo. Inicialmente, a comunidade do entorno da localidade de Santa Rita apenas alugava lampiões aos visitantes, mas não os conduzia. Lima trabalhou para mudar essa realidade formando uma nova geração de condutores turísticos com os jovens da zona rural. Aos vizinhos que possuíam grandes entradas de cavernas em suas propriedades, Lima incentivava a abertura de novos roteiros à visitação, pois, em sua visão, havia público a todos e quanto mais atrativos consolidados, mais forte seria o turismo na região. Os proprietários do distrito de Santa Rita, segundo ele, não eram rivais comerciais, mas um grupo de empreendedores criando uma nova realidade de empregos e oportunidades a partir das cavernas.

Para a comunidade, também trouxe cursos na área ambiental, como forma de as pessoas valorizarem os recursos naturais, pois dentro de seu projeto, deveria haver sustentabilidade e equilíbrio, porque a riqueza de Chapada Diamantina era o ambiente natural. Ao mesmo tempo em que organizava todas essas atividades, sua fama cresceu como uma referência em cavernas naquela área. Espeleólogos e grupos do Brasil e de outros países passaram a procurá-lo e, no final dos anos 1980 e início de 1990, esse intercâmbio se tornou uma intensa troca, fortalecendo a SBAE - Sociedade Baiana de Espeleologia. O legado de Simpliciano Lima não é técnico, mas graças à sua visão, hoje há um trade turístico implantado com a visitação das principais grutas de Iraquara, no coração da Bahia. Para além disso, dezenas de estudiosos, amadores, esportistas e associações espeleológicas foram apresentadas às cavernas baianas pela sua dedicação em receber e mostrar o potencial espeleológico da região.

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