CLAUDIA SOUSA LIMA (16/10/1972-03/10/2023) foi uma espeleóloga baiana, filha de Simpliciano de Oliveira Lima Filho, com destacada atuação na Chapada Diamantina como uma voz difusora da importância do patrimônio espeleológico e da necessidade do equilíbrio do meio para a manutenção das cavernas. Sua história na Espeleologia, basicamente, se inicia pela observação da forma como seu pai recebia, em sua própria casa, espeleólogos e pesquisadores do mundo inteiro, ainda nos anos 1980. Mais tarde, ao se referir ao que viveu na adolescência, costumava dizer que Simpliciano parecia “adotar como filhos alguns jovens espeleólogos que passavam pela Chapada, desenvolvendo uma relação de profunda amizade”. Desse exemplo, Claudia descrevia seu papel como de uma pessoa a quem cabia continuar o trabalho do pai.
Com o falecimento de Simpliciano Lima, em 2005, Claudia Lima e seus irmãos receberam como herança a fazenda Lapa Doce. Algum tempo após, em meados de 2008, assumiu a gestão turística da visitação à gruta, juntamente com a irmã, Geovana Lima. Deu seguimento ao papel desenvolvido por seu pai na coordenação da SBAE – Sociedade Baiana de Espeleologia, mantendo-se como o nome mais associado às grutas de Iraquara e com residência fixa na Chapada Diamantina, recepcionando espeleólogos e grupos do mundo inteiro em passagem por aquela região, como expedições da Itália, França, Espanha, Portugal, Suíça, Polônia, Argentina e Colômbia. Nutria muita admiração pelo patrimônio arqueológico e paleontológio. Trabalhou em parceria com o professor Carlos Alberto Etchevarne, da Universidade Federal da Bahia - UFBA, em prospecções de sítios arqueológicos. Foi responsável pela ampla divulgação da importância e beleza cênica das cavernas da Chapada Diamantina em centenas de notícias veiculadas na mídia brasileira, desde jornais impressos, revistas, entrevistas e documentários televisivos. Ao longo dos anos, acompanhou artistas, jornalistas e personalidades públicas pelas galerias da Lapa Doce, sempre militando pela preservação do patrimônio espeleológico. Recebeu em sua casa centenas de espeleólogos que realizaram inúmeros trabalhos acadêmicos, técnicos e de documentação, destacando-se equipes de espeleomergulho, responsáveis pela conexão de grandes sistemas cavernícolas, como Lapa Doce I e II e também Brejões I e II. Para além, militava pelas causas ambientalistas da Chapada Diamantina, especialmente a gestão da água, a preservação da vegetação nativa e foi uma das vozes mais ativas do trade turístico da Chapada, pelo potencial dessa atividade geradora de renda e de baixo impacto ambiental. Colaborou bastante com o início da Espeleonordeste e foi a anfitriã do III Encontro Nordestino de Espeleologia, em 2016.
Assim como seu pai, Claudia Lima nunca foi uma espeleóloga técnica, mas sua importância para a Espeleologia brasileira é imensurável. Por sua atividade empresarial, dezenas de milhares de pessoas, todos os anos, tiveram contato com as grandes cavernas da Bahia, através do turismo. Por outro lado, toda a cadeia de entretenimento de Lençóis/BA foi fortalecida pelo crescimento da visitação às grutas de Iraquara, sendo a Lapa Doce o principal atrativo espeleoturístico, quando considerado o fluxo anual de visitantes. Em cerca de quinze anos de trabalho, incentivou a realização de muitas ações na Chapada Diamantina e foi o elo capaz de ligar políticos, pesquisadores, empresários e esportistas, sendo o exemplo vivo das lições deixadas por Simpliciano Lima. Amava com devoção a Lapa Doce, as pinturas da Lapa do Sol e o chão vermelho de Iraquara. Nos últimos anos, ao lado do seu companheiro, o espeleólogo francês Gabriel Hez, divulgou as cavernas de Iraquara em eventos internacionais, sempre dizendo que “Cada caverna é única e precisa ser preservada, porque todas têm sua beleza particular”. Com sua simplicidade, reforçava o essencial, aquilo que não pode ser esquecido.