Binael
Soares Santos

Por João Emanoel de Matos Santos

BINAEL SOARES SANTOS (1962-2005) foi um dos mais importantes biólogos com permanente pesquisa nas cavernas do Nordeste do Brasil, sendo a ele creditados estudos relevantes sobre populações de morcegos em várias partes da Bahia. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Santa Cruz (1996), deu prosseguimento ao mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela mesma instituição (2001). No magistério superior, atuou também na UESC, no período de 1996 a 2005. Concentrou-se nas áreas de Zoologia e Ecologia, destacando-se nos temas Morcegos e Bioespeleologia no Sul da Bahia.

Sua história se inicia no verão de 1986, quando foi estagiar, por quarenta dias, no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, incentivado pelo professor Max de Menezes, acadêmico da UESC, havendo, nessa oportunidade, inaugurado sua trajetória com quirópteros, ao tomar as primeiras lições sobre técnicas de pesquisa aplicadas a esses mamíferos.

Ao ingressar nos quadros de docência da Universidade Estadual de Santa Cruz, em 1996, logo entendeu a relevância da Espeleologia associativa aos trabalhos acadêmicos, assumindo fundamental papel no Grupo Sul Baiano de Espeleologia - GSBE, agremiação na qual fomentou trabalhos diversos no campo da Biologia Subterrânea.

O GSBE estava direcionando seus esforços ao diagnóstico de cavidades naturais na Bacia Metassedimentar do Rio Pardo, trabalho capitaneado pela professora de História e coordenadora do grupo, Maria Conceição Ramos de Oliveira. O escopo preliminar da iniciativa era a prospecção e a topografia de novas grutas, levantamento que relevou sítios praticamente inéditos, especialmente nas localidades de Santa Luzia, Mascote, Camacã, Pau-Brasil e Potiraguá, além de informações a respeito de pequenas cavernas no litoral norte de Ilhéus. Infelizmente, no início de 1997, Maria Conceição faleceu em acidente automobilístico. Tal interrupção, carreou Binael à coordenação do Sul Baiano de Espeleologia, o que provocou uma mudança no foco dos trabalhos, ao passo que a área de pesquisa do seu estudo era direcionada à fauna. Logo, o GSBE converteu-se em uma nova matriz de trabalho direcionada à Biologia. Nesse afã, durante o período de 1997 a 2001, desenvolveu seu mestrado atuando com a Ecologia e Conservação de morcegos cavernícolas na Bacia Metassedimentar do Rio Pardo, sob a coorientação dos docentes Paulo Terra (UESC) e Elonora Trajano (USP).

Deve-se destacar que o ímpeto de Binael Soares Santos é de fundamental importância à estruturação da Espeleologia no Nordeste, pois, ao incentivar a coligação entre a academia e um grupo associativo, seu trabalho transcendeu ao mero labor universitário, transformando-o em um ativista ambiental, difusor da necessidade de organização institucional da espeleo nordestina, além de orientar dezenas de alunos que foram por ele direcionados a trabalhos envolvendo áreas cársticas e cavernas. Foi o primeiro curador da coleção de mamíferos “Alexandre Rodrigues de Morais” (CMARF), na UESC. Seu nome hoje é citado em anais de Congressos Brasileiros de Espeleologia, além de ser reconhecido como uma referência para a Biologia Subterrânea nacional. Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Espeleologia - SBE, por meio de seu à época presidente, Carlos Frederico de Souza Lott, em junho de 2018, consagrou a carreira do espeleólogo, in memorian, durante o IV Encontro Nordestino de Espeleologia (Ituaçu/BA), entregando à família uma homenagem pelos anos de dedicação ao estudo cavernícola. Igualmente, o Instituto Brasileiro de Estudos Subterrâneos também rendeu homenagens ao pesquisador, em dezembro de 2020, com o título de sócio emérito.

A carreira de Binael Santos foi prematuramente interrompida em 15 de dezembro de 2005, por força de um infarte fulminante. Seu legado, porém, é vívido e luminoso. O mestre viveu seu tempo e entregou-se à Biologia Subterrânea como poucos abnegados o fizeram no Brasil. Sua memória deve ser preservada pelo exemplo de vida, pessoal e profissional. Aos amigos, restou a saudade, como contada pelo companheiro universitário Elvis Barbosa, em texto publicado na revista Lajedos, em 2018. Aos três filhos e à esposa, ficaram boas lembranças e um caminho a ser trilhado. Exemplos talhados que precisam ser entregues às novas gerações de espeleólogos brasileiros.

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