GERADORES
DE ACETILENO

AS PRIMEIRAS LÂMPADAS DE ACETILENO, especialmente os modelos destinados ao uso em carruagens e bicicletas, na virada do séc. XIX para o séc. XX, foram projetadas com partes funcionalmente destacadas, especificamente, reservatórios para geração do gás acetileno e peças moldadas como refletores, montadas sobre o queimador. Assim, a evolução das lanternas ciclísticas mostrava, nitidamente, o “farol” conectado ao “gerador”. No início de 1900, o desenvolvimento de linhas idealizadas para atividades como a caça e a pesca moldou o surgimento de modelos com partes destacadas para o reator – no qual se fazia o armazenamento do carbureto e o gotejamento – e o refletor, que ficava preso à cabeça do usuário do equipamento por uma cinta ou afivelado ao chapéu. A maior funcionalidade desse tipo de equipamento residia na autonomia, uma vez que, estando liberado o peso oriundo das pedras de carbureto e do reservatório da água, já que o volume maior era fixado por uma alça ou cinto, fabricava-se um refletor muito leve, que se conectava ao gerador por um tubo flexível de borracha. Certamente, o fabricante Rudolph C. Kruschke, da cidade de Duluth, nos EUA, foi um dos pioneiros nesse tipo de artefato, com a lanterna que foi comercializada na América do Norte como “Brilliant Search Light”.





GERADORES E
ESPELEOLOGIA

A ESPELEOLOGIA EUROPEIA, diferentemente, da Espeleologia norte-americana, teve forte influência dos geradores de acetileno. Enquanto na mineração dos Estados Unidos prosperaram as pequenas lanternas de cabeça, conhecidas como cap lamps, rapidamente assimiladas pela espeleo praticada na América do Norte, na Europa continental, os mineradores fizeram uso maciço das hand lamps, ou seja, as pesadas lanternas de mão. Com isso, os jovens exploradores europeus partiram de uma base de equipamentos que, pelo menos inicialmente, não facilitava a mobilidade, pois essas lâmpadas não foram projetadas para favorecer o deslocamento ou a agilidade. Para contornar essa dificuldade, os europeus começaram a adaptar as lanternas de mão como geradores de acetileno, o que se podia fazer, facilmente, engatando uma mangueira ao orifício de encaixe do bico de gás. Alguns modelos, simplesmente, suportavam encaixes metálicos para tubos, nas roscas dos queimadores. Dessa maneira, as principais lanternas de carbureto da Europa foram todas assimiladas para exploração de cavernas, ao longo do séc. XX, sendo comum, mesmo no final dos anos noventa, identificar reatores das primeiras décadas com uso em condutos subterrâneos.

Com a evolução e o desenvolvimento de equipamentos pensados à prática esportiva, o padrão europeu do gerador de acetileno foi difundido para todo o mundo. No início dos anos setenta, são vistos alguns modelos clássicos de lanternas de mão convertidos, em pequenas manufaturas de transformação, para uso espeleológico. Nesse estágio, basicamente, tudo que havia era uma substituição de peças ou partes, sem modificações profundas nas estruturas das lâmpadas. Então, por exemplo, ganchos eram removidos e bicos de gás permutados por encaixes para mangueiras. A partir da década de oitenta, porém, há a criação de projetos específicos para a Espeleologia, o que faz surgir o gerador de plástico europeu e os modernos cilindros de alumínio, que primavam pela maior autonomia e menor peso. Para a Espeleologia, esse momento representa o ponto mais alto da arte do emprego do carbureto na iluminação das grutas. Mesmo assim, o baixo conhecimento tecnológico agregado para conceber equipamentos para gerar o acetileno, ainda tornou possível que desconhecidas fabriquetas ou caverneiros habilidosos continuassem a adaptar ou produzir seus próprios geradores, por muito tempo.



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